Descarte de óleo de cozinha usado

Qual é o destino final e quais são as possibilidades de reuso?

OIL MARKET

Caio Eduardo Pestana (Cientista ambiental, MSc em Geologia Ambiental)

11/27/20243 min read

Imagem com fundo amarelo representando o óleo de cozinha, com garrafas de vidro e plástico cheias de
Imagem com fundo amarelo representando o óleo de cozinha, com garrafas de vidro e plástico cheias de

Desde a compra no mercado ao uso para preparar alimentos, diversos óleos vegetais estão presentes em nosso dia-a-dia, seja de girassol, soja, milho, canola, entre outras diversas opções. Mas, após utilizado, qual é o destino final que você dá ao seu óleo? Neste artigo, você irá descobrir como o óleo usado pode ser mais que somente um resíduo.

Segundo a Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (ABIOVE), o Brasil apresentou, no ano de 2024, uma capacidade total de processamento de oleaginosas de 72,3 milhões de toneladas produzidas (1). Mas deste total, qual porcentagem realmente é reciclada? No Brasil, não existem estatísticas precisas de quanto de óleo é reciclado, alguns dados apontam que apenas 5% do óleo de cozinha usado seja reciclado (SANTOS, 2009), enquanto o restante é descartado inadequadamente. Em dados de 2019, divulgados pelo Estadão, o consumo de óleo no Brasil foi de aproximadamente 4,7 bilhões de litros, porém apenas 108 milhões de litros foram coletados corretamente (2).

O óleo descartado de maneira incorreta acarreta grandes transtornos ao meio ambiente, assim como seu acúmulo em tubulações pode ocasionar entupimentos. Um estudo avaliou como moradores de um condomínio residencial descartavam ou destinavam o óleo usado. Nesta pesquisa, foi constatado que: 9% dos moradores descartavam o óleo usado diretamente na pia da cozinha, 36% armazenavam em garrafas PET e descartavam junto ao lixo comum, 24% dos entrevistados entregavam o óleo usado em pontos de coleta e 2% reciclavam (CORRÊA et al., 2018). Neste estudo, foi identificado que 5,8 litros/mês de óleo eram descartados incorretamente, contaminando em média 145.000 litros de água/mês.

No meio ambiente, em específico, corpos d’águas naturais, 1 litro de óleo descartado incorretamente apresenta o potencial de contaminar até 25 mil litros de água. Em rios e córregos, podem funcionar como uma capa superficial que se comporta como uma barreira (uma vez que água e óleo não se misturam), diminuindo a oxigenação e contribuindo para a eutrofização destes corpos d’água. E quando seu destino é na pia da cozinha, o óleo chegará ao esgoto, cujo tratamento posterior é mais oneroso, aumentando em 45% os custos de tratamento (LIMA et al., 2014). Um dado curioso é que apenas 68% do esgoto que é tratado nas ETE’s (Estação de Tratamento de Esgoto) recebe tratamento para separação do óleo e água, o restante é despejado em corpos d’água.

Neste contexto, a destinação incorreta do óleo usado provoca diversos transtornos, tanto ambientais, como nas infraestruturas de esgoto e de nossa residência. Existem diversas maneiras desse óleo usado voltar a ter uma utilidade e ser transformado em outros produtos, como: detergentes, amaciantes, produção de resina para tintas, biocombustíveis, entre outros usos na indústria automotiva e agrícola. Destaca-se que o Brasil é o maior produtor de biodiesel da América do Sul, no ano de 2021 a produção atingiu 376 mil barris de óleo equivalente por dia (3).

Agora, com toda essa informação, ficou fácil de entender que o descarte correto do óleo de cozinha é essencial para o meio ambiente e que apresenta grande valor de reuso, podendo ser reinserido na cadeia produtiva e gerar diversos outros produtos.

A Biord está compromissada em facilitar a maneira como descartamos o óleo usado, trazendo inovação e praticidade.

Referências:

CORRÊA, L. P.; GUIMARÃES, V. N.; HESPANHOL, L. I; SILVA, J. V. D. Impacto ambiental causado pelo descarte de óleo: estudo do destino que é dado para o óleo de cozinha usado pelos moradores de um condomínio residencial em Campos dos Goytacazes – RJ .R. bras. Planej. Desenv., Curitiba, v. 7, n. 3, Edição Especial Fórum Internacional de Resíduos Sólidos, p.341-352, ago. 2018.

LIMA, R. A. Aplicação do Projeto Didático-Pedagógico “Sabão Ecológico” em uma Escola Pública de Porto Velho –RO. Revista Eletrônica em Gestão, Educação e Tecnologia Ambiental, v. 18, n. 3, p.1268-1272, 2014.

SANTOS, R. S. Gerenciamento de resíduos: coleta de óleo de cozinha. 2009. 52 p. Trabalho de Conclusão de Curso em Tecnologia em Logística, Faculdade de Tecnologia da Zona Leste, São Paulo, 2009.

(1) https://abiove.org.br/capacidade-de-processamento-de-oleaginosas-supera-72-milhoes-de-toneladas-em-2024/. (Acesso: novembro de 2024).

(2) https://www.estadao.com.br/economia/coluna-do-broad/brasil-joga-cerca-de-1-bilhao-de-litros-de-oleo-de-cozinha-no-ralo-a-cada-ano/?srsltid=AfmBOorXY1DHjmulJ36GBmTB41G4hELQrrUomNSPEghpMi9K8dYIXqaU. (Acesso: novembro de 2024).

(3) https://www.mordorintelligence.com/pt/industry-reports/south-america-vegetable-oil-market (Acesso: novembro de 2024).